terça-feira, 19 de outubro de 2010

Entrevista: Luiz Eduardo Caminha



Em entrevista exclusiva, o Oktoberblog bate um papo com Luiz Eduardo Caminha, Médico e Escritor, que fala sobre Oktoberfest, Stammtish e seu novo livro, que será lançado em plena Oktoberfest Blumenau. Confira!

OktoberBlog: Para começar, o que você espera da Oktoberfest deste ano em Blumenau?

O que vier, em termos de Oktober, para mim, sempre será bom. Tenho muita confiança no trabalho do Norberto Mette. Já fui Secretário de Saúde na mesma época em que ele foi de Turismo. O baixinho é competente. Daqueles que faz de tudo para agradar a todos. Por isso penso que teremos uma das melhores edições. Aliás, sempre uma edição é melhor que a outra. A Oktober é o retrato de Blumenau e dos blumenauenses. Este binômio, bem usado, não escapa do sucesso nunca.

OktoberBlog: Um passarinho nos contou que você lançará seu novo livro no dia 20/10, durante a "Noite do Stammtisch" da Oktoberfest 2010. Como será esta experiência de lançar um livro em plena Oktober?

Será, para um oktoberfesteiro, uma dádiva de Deus. Um presente que a atual administração da Vila Germânica e do Município me confere. É uma oportunidade única porque há um casamento. Serão 100 grupos de Stammtisch, mais convidados, que estarão presentes num momento em que os Encontros comemoram 10 anos de existência. Valeu a pena esperar. Tudo foi fluindo para isto. Depois, na semana seguinte, teremos uma Noite Especial de Autógrafos onde estaremos homenageando todos os personagens citados no Livro. Vai também ser uma noite especial, afinal, sem estes personagens, sem os grupos nada teria acontecido. Foram eles que fizeram esta história. Nada mais justo que sejam homenageados. Eu fui, tão somente, o escrevinhador.

OktoberBlog: E o que é o Stammtish pra você?

Bem, fugindo do sentido etimológico "mesa de frequentadores habituais", para mim o significado do Stammtisch toma uma conotação muito mais ampla que remonta o princípio das tradições e, no aspecto filosófico, os bate-papos provocados por Sócrates e Platão para fazer seus pupilos discutirem e contestarem o que era ditado pelos sofistas. Entretanto, na sua forma tradicional de ponto de encontro, ou "rodinha" de amigos, os Stammtische surgiram no seio da Alemanha e acabaram se transformando numa verdadeira instituição tedesca. (...)
Mas a grande sacada do Stammtisch está, sem dúvida, relacionada com o interagir de seus frequentadores, estejam eles situados nas aldeias ou em alguma taverna das cidades. O jeito de ser, o espírito do Stammtisch, que eu ouso chamar de Stammtischgeist é único no mundo. O Stammtisch não obedece a qualquer formalismo, a qualquer regra, a irreverência, a amizade que eu até chamaria de fraternidade, a alegria, tudo corre naquele ambiente como se fosse uma linha costurando todos, um ao outro, num grande novelo de inter-relacionamento e interação. Ali se discute, se conta piada, se brinca, um tira "sarro" da cara do outro,. Não há um horário pré-determinado de chegada ou saída. A pessoa vai lá porque sabe que os outros vão estar. E do mesmo jeito que chega, a hora que quiser vai embora sem qualquer compromisso de reencontro. Eu arriscaria que ali, naqueles ambientes corre a vida. Ali eles celebram o verdadeiro sentido da fraternidade. Há uma espécie de cumpadrismo. Reúnem-se por se reunir, celebram por celebrar, brindam por brindar, falam por falar e se tiver que cantar, cantam por cantar. Só algumas coisas não abrem mãos: sentar cada um no seu devido lugar, beber cada um a sua bebida preferida na temperatura que o garçom já sabe (e cerveja, de preferência) e... bater papo, rir, zoar. É uma verdadeira escola de vida e amizade.

OktoberBlog: E o que podemos encontrar em seu novo livro "Stammtisch, a reinvenção de uma tradição"?

Nós começamos a trabalhar a ideia do Stammtisch em Abril de 2.000. Foi o Mette, hoje Presidente da Vila Germânica, quem trouxe a ideia de fazermos um quadro de 30 minutos, na TV Galega sobre Stammtisch. Tomei um susto. Aquilo para mim, um manezinho, era coisa de outro mundo. Duas vogais no meio de oito consoantes: uma salada impossível de comer e um nome que eu era incapaz de pronunciar. O pior era que ele pronunciava tudo aquilo como eu falava farofa ou rocambole. Bem, de lá para cá vim armazenando todas as informações disponíveis a respeito. Estudei muito. Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, Biblioteca Municipal e da Furb, assinatura do Blumenau em Cadernos, internet e muita conversa com muita gente antiga que conhecia alguma coisa a respeito. A ideia era deixar registrado aquele fenômeno que significava a reinvenção da tradição do Stammtisch e da Strassenfest e a invenção de uma festa - que nasceu em Blumenau - a Strassenfest mit Stammtischtreffen ou Encontro de Stammtisch.
Até que um de meus filhos, Luciano, sugeriu-me colocar tudo num site. Era Dezembro de 2005. Em 4 meses o site era a 1a. referência do Google, Yahoo e demais sites de busca da internet. Mas, face a esta minha vertente "caricata" de escritor e poeta, a ideia do livro continuou. São, portanto, 10 anos de estudos e pesquisas. Mais de 1.000 documentos lidos e cerca de 3000 referenciados. No livro eu tento refazer a história das tradições até chegar ao Encontro de Stammtisch. Dividi-o em três partes: Na primeira conto a história do Stammtisch através de seus personagens (Chama-se "Stammtisch, a história contada pelos personagens"). Cerca de 250 pessoas que se fazem presentes, desde o 1o. programa até o último Encontro, relatando como tudo aconteceu. Na segunda parte, chamada "Stammtisch, a Reinvenção de uma tradição - Referencial Histórico”, em que faço toda uma revisão da história das tradições desde Confúcio na Antiga China e Índia, até passar pelas Sociedades do Médio Oriente, Europa, Alemanha e Brasil, com enfoque especial a partir do Stammtisch, quando este surgiu na Alemanha e veio na bagagem dos imigrantes para Blumenau e região. Finalmente a 3a. parte em que coloco as Entrevistas feitas com diversas pessoas pessoalmente, durante os programas Stammtisch e os Encontros.

OktoberBlog: Nós já lemos seu trabalho anterior, Saboreando Crônicas. Fale um pouco sobre este delicioso livro, sobre seu trabalho na internet e na literatura...

Olha Ricardo, sempre gostei muito da crônica do cotidiano. Da coisa alegre e cáustica que faz a vida. Do viver o dia a dia. Por isso, sempre que podia, eu armazenava no computador uma ou outra historieta verdadeira ou fictícia. Às vezes crônicas, outras contos, algumas poesias e por aí as coisas aconteciam. Até que em 1997 saiu meu primeiro livro, de Poemas, Reflexos, uma espécie de mosaico da minha vida reunido em 120 páginas. Depois veio um e-book e só 10 anos depois resolvi colocar as crônicas na rua. Como gosto muito de cozinhar, selecionei aquelas que tinham a ver com algo ligado à culinária. Uma história que se passou ao redor de um prato, uma história (ou seria estória) que ouvi ou vivi numa mesa de Stammtisch, e vai por aí afora. Foi uma experiência agradável. O Tchello (d'Barros) chegou a sugerir que eu usasse aquele estilo para contar outras histórias, mas o envolvimento com o atual livro não me permitiu juntar outras crônicas e contos para um novo livro. Se Deus me der saúde para tal, quem sabe no ano que vem, depois de dois outros projetos que tenho, um romance e um livro sobre a experiência de minha doença - um guia despretensioso para vítimas de patologias em que a vida passa a ser uma corda-bamba.

A par de escrever, ainda tenho que dispensar um bom tempo para a leitura, coisa que recomendo a todos e da qual não abro mão nunca.

OktoberBlog: Para finalizar, deixe um recado aos leitores do Oktobeblog!

Antes, deixe-me fazer o politicamente correto. Muito Obrigado Ricardo e Fabiana pela oportunidade de falar um pouco das produções “litero-sofríveis” deste mané que ama esta sua segunda terra-mãe. Vocês me deixaram extremamente felizes!!!
Eu sempre me perguntava "quando, um dia, vou ser entrevistado pelo Oktoberblog?" Quando me enviaram o e-mail falando da entrevista fiquei muito embevecido. Você, Ricardo, e a Fabiana fazem um trabalho fantástico e que deveria receber toda a atenção da sociedade blumenauense, dos empresários, do poder público. O Oktoberblog foge daquele padrãozinho "chope aguado e morno" dos Blogs e sites oficiais ou comerciais de interesse na festa. O seguidor percebe que está à frente de um Blog de Oktoberfesteiros, que fazem da festa o seu prazer em divulgar a nossa Blumenau. Espero que o Oktoberblog venha ser, um dia, o mais visitado e a referência de todos os oktoberfesteiros desta nação continente. De minha parte, já enviei convites para seguirem o Blog. E quem não segue está deixando de acompanhar esta explosão de alegria.

Que Deus os abençoe.

Luiz Eduardo Caminha
www.stmt.com.br

2 comentários:

caminha, caminhando, poetando... disse...

Ficou ótima a matéria Ricardo e Fabiana. Muitissimo obrigado.

Deus vos abençoe.

Vou divulgar.

Vejo-os lá esta noite

Caminha

Anônimo disse...

Boa sorte no livro, certamente teve bom gosto na capa, não descaracterizou a festa!
Felicidades
Eduardo