Parecia
ser um dia comum: saí para trabalhar, o dia passou voando e à noite eu tinha
marcado com um grupo de uma universidade para dar um depoimento meu acerca da
graduação. Mas na realidade, seria normal se não fosse a situação (triste)
política que estamos vivendo no nosso país.
Ao sair
do encontro, eu e meu marido fomos surpreendidos por um início de manifestação
acontecendo em frente à faculdade contra o atual governo. Eu e meu marido nos
entreolhamos e não tivemos dúvida: precisávamos ir lá mostrar o nosso
descontentamento e participar deste momento histórico da nação brasileira.
Em
minutos, éramos centenas. Lindo de se ver: pessoas munidas de apitos, panelas,
faixas e bandeiras. Bom, nós estávamos em uma situação diferente: quem diria
que eu iria terminar meu dia no meio de uma manifestação? Estava lá eu, vestida
com um traje formal e de salto alto. Mas isso não me impediu.
Obviamente,
eu também não tinha nem uma panela e nem um ativo pra fazer barulho. Lamentando
esse fato, meu marido me lembrou: “ Mas nós temos a nossa voz”. Aquilo me
tocou: nossa voz é o maior instrumento, e não estou falando de gritar: estou
falando no sentido de ser ouvido, de não nos calarmos perante às barbaridades
que vêm ocorrendo.
E protestos
são situações interessantes, não somente pelo ato cível. A gente pode ver todo
o tipo de coisa (e de pessoas): tinha gente bêbada, tinha gente sóbria demais,
os empolgados, os mais contidos e os que tomam a frente. Tinha gente de todos
os estilos, e como é linda essa pluralidade. Não concordo quando dizem que as
manifestações sejam feitas apenas pelo povo dito como “coxinha”. Me digam,
então 95% das pessoas são “coxinhas? ”, ou seja, ricas? Não, meus caros amigos.
Vi gente de pé no chão, vi gente saindo do salto e vi muitos de tênis de marca
fuleira.
Não me
arrependi de ter ficado rouca e com os pés cheios de calos e cansados por conta
do longo tempo que passei de pé. Quando ouvi as vozes unidas em coro cantando o
hino nacional, daí que entendi pela primeira vez o que ele realmente quer
dizer: “Verás que um filho teu não foge à luta!”.
Foto e vídeo: Jaime Batista da Silva
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