quinta-feira, 17 de março de 2016

Protestos (Por Fabi Lange Brandes)




Parecia ser um dia comum: saí para trabalhar, o dia passou voando e à noite eu tinha marcado com um grupo de uma universidade para dar um depoimento meu acerca da graduação. Mas na realidade, seria normal se não fosse a situação (triste) política que estamos vivendo no nosso país.

Ao sair do encontro, eu e meu marido fomos surpreendidos por um início de manifestação acontecendo em frente à faculdade contra o atual governo. Eu e meu marido nos entreolhamos e não tivemos dúvida: precisávamos ir lá mostrar o nosso descontentamento e participar deste momento histórico da nação brasileira.

Em minutos, éramos centenas. Lindo de se ver: pessoas munidas de apitos, panelas, faixas e bandeiras. Bom, nós estávamos em uma situação diferente: quem diria que eu iria terminar meu dia no meio de uma manifestação? Estava lá eu, vestida com um traje formal e de salto alto. Mas isso não me impediu.

Obviamente, eu também não tinha nem uma panela e nem um ativo pra fazer barulho. Lamentando esse fato, meu marido me lembrou: “ Mas nós temos a nossa voz”. Aquilo me tocou: nossa voz é o maior instrumento, e não estou falando de gritar: estou falando no sentido de ser ouvido, de não nos calarmos perante às barbaridades que vêm ocorrendo.

E protestos são situações interessantes, não somente pelo ato cível. A gente pode ver todo o tipo de coisa (e de pessoas): tinha gente bêbada, tinha gente sóbria demais, os empolgados, os mais contidos e os que tomam a frente. Tinha gente de todos os estilos, e como é linda essa pluralidade. Não concordo quando dizem que as manifestações sejam feitas apenas pelo povo dito como “coxinha”. Me digam, então 95% das pessoas são “coxinhas? ”, ou seja, ricas? Não, meus caros amigos. Vi gente de pé no chão, vi gente saindo do salto e vi muitos de tênis de marca fuleira.  

Não me arrependi de ter ficado rouca e com os pés cheios de calos e cansados por conta do longo tempo que passei de pé. Quando ouvi as vozes unidas em coro cantando o hino nacional, daí que entendi pela primeira vez o que ele realmente quer dizer: “Verás que um filho teu não foge à luta!”.

Quero um Brasil mais digno, onde eu possa dizer que tenho orgulho de ser brasileira, e não vergonha. Por isso, se você concorda comigo, compartilhe essa ideia e mais: venha pra rua! 

Foto e vídeo: Jaime Batista da Silva

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