Em Pomerode a Páscoa tem destaque especial. As celebrações da morte e ressurreição de Cristo na cidade mais alemã do Brasil chegam a ter apelo maior que o Natal. É por isso que as expectativas para a 3ª Osterfest são as melhores. O evento começa no dia 02 de abril e segue até o dia 23, sempre nos finais de semana, e promete proporcionar um excelente espaço para compras, entretenimento e cultura.
Mas o que é diferente na Páscoa de Pomerode?
Valmor Kamchen, professor aposentado e atualmente Chefe de Governo da administração municipal, conta que quando era menino o respeito à Quaresma era muito forte: “a partir da Quarta-Feira de Cinzas não podiam mais haver bailes e festas e todos respeitavam isto”. Também se sabe que no Domingo de Ramos os luteranos faziam suas confirmações (quando os jovens tomam sua primeira Santa Ceia) e os católicos levavam para a igreja as palmas, para abençoar.
Na Quinta-Feira Santa começavam as celebrações de Santa Ceia. A Sexta-Feira da Paixão era dia de reflexão e absoluto silêncio. “As casas sequer podiam ser varridas. O respeito que já existia por causa da Quaresma era redobrado neste dia, que era também o dia de preparar os biscoitos”, explica Valmor.
O Sábado de Aleluia era para limpeza das casas. A festa começava a meia noite de sábado, com o Stüppen – que pode ser definido como uma serenata, digamos assim. Um pequeno grupo de pessoas percorria a vizinhança, acompanhados de um músico. Enquanto a música era tocada, para comemorar a ressurreição de Jesus Cristo, eles davam leves batidas nos moradores com um galho da ‘árvore da vida’, a Lebensbaum. Valmor conta que “esse galho tinha um cheiro delicioso. Na manhã de Páscoa, quando acordávamos, a casa toda tinha aquele aroma”.
Na manhã do Domingo de Páscoa as crianças tinham um motivo a mais para sair da cama. Os presentes e os ovos coloridos eram escondidos em ninhos no jardim e as crianças os procuravam. Mas os ovos coloridos, cuja tradição vem de muito tempo, não eram como são os de hoje. Os ovos eram fervidos com a raiz do capim Eierkraut, que deixa a água com a cor avermelhada. “Os ovos ficavam coloridos. Com a água que sobrava pintávamos os cachorros, as galinhas e qualquer outro animal, e tudo ficava divertido”, conta mais uma vez Valmor.
Por fim, temos ainda a Água Pascal. Precisava-se sair cedo de casa e procurar uma fonte de água muito limpa. A água era colhida e no caminho de volta não se podia conversar, nem olhar para trás, senão ela perdia o valor. Durante todo o ano a água era usada como se fosse remédio; diziam que ela era milagrosa. As moças solteiras que buscavam a Água Pascal o faziam pela garantia de um bom casamento.
Na 3ª Osterfest
Durante a 3ª Osterfest, alguns dos costumes dos imigrantes são resgatados. Os hotéis da cidade prepararam a representação do Stüppen, a serenata, na manhã do Domingo de Páscoa. No Centro Cultural a senhora Hedwig Brütsch, alemã, colorirá ovos com o bulbo do capim Eierkraut e com cascas de cebola roxa. A cidade será decorada com a Osterbaum, a árvore com galhos secos – que simbolizam a frieza do sepulcro de Cristo – e enfeitada com ovos coloridos e flores – representando a alegria da ressurreição - que é muito comum na Alemanha. Mas muitas outras atrações são encontradas na festa.
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