Esse era mais um daqueles livros os quais eu me deparei quando ainda trabalhava na livraria e tive uma vontade louca de ler. Para quem mora em Santa Catarina (e para quem não mora também), a família Schurmann é famosíssima por largar uma carreira de sucesso e rodar o mundo em um veleiro. Não somente isso, refazer caminhos também.
E foi assim que Heloisa Schurmann criou seus filhos, a bordo de um veleiro. Todos muito bem adaptados, com certeza, com mais conhecimento do que muitos que estudaram em universidades conceituadas. Eis que no vai e vem das marés, surgem Jeanne e Robert, um casal bastante atípico: um neozelandês e uma brasileira.
Eles se tonam amigos da família, e a história começa aí, quando os laços dessas duas famílias se tornaram quase como um nó. Anos mais tarde, Robert procura a família Schurmann e conta que a esposa se fora, vítima de HIV. Mas não é somente isso que ele vem contar: Robert vem dizer que está morrendo, e que precisa (e confia) da família Schurmann para cuidar de sua pequena Kat, também soropositiva e com pouca expectativa de vida. Kat, na época, tinha somente 3 anos.
Fico imaginando o que se passou pela cabeça de Vilfredo e Heloisa. Bom Heloisa expressa com genialidade cada sentimento. Porém, Heloisa já sabia que Kat era sua filha. Não aquelas que vem da barriga, mas aquelas que nascem no coração.
Após conversas com amigos médicos, o casal Schurmann adota a pequena de forma legal e uma longa jornada se inicia. E não é somente de médicos que estou falando. Eles decidem que a pequena Kat (diagnosticada com não mais de seis meses de vida) irá velejar com eles, fazer expedições, conhecer o mundo, estudar e ter oportunidades que qualquer criança poderia ter, indiferente de sua condição.
Família Schurmann |
Não posso falar muito para não me alongar nesse post (embora a vontade seja de falar, e falar, e falar), mas Kat viveu uma vida extraordinária. Conheceu e amou a natureza com tanta intensidade, que lágrimas me vem aos olhos só de pensar nela sorrindo diante dos golfinhos. Ela provou não somente para ela que poderia fazer tudo o que quisesse como para o mundo que o HIV não te limita a sobreviver talvez, mas não a viver! E superando as expectativas, ela viveu mais de 13 anos.
Quero agradecer, em especial, à Heloísa por ter dividido conosco seu Pequeno Segredo. Senti-me emocionada ao ler cada trecho, tão bem descritos que em certas circunstancias eu conseguia ouvir a risadinha de Kat e sentir a brisa do mar no meu rosto,
Indico essa leitura à todos que precisam de coragem pra continuar. Tudo o que precisamos, muitas vezes, é de 5 segundos de coragem insana.
Por Fabiana Lange Brandes
Pequeno Segredo Autora: Heloisa Schurmann Editora: AGIR Ano: 2012 / Páginas: 320 |
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